A Organização da Vida e o Bem-Estar Coletivo – Inquietações

Vivemos em um mundo onde as inquietações em torno da saúde mental e física são crescentes. O que nos adoece? É uma pergunta que nos persegue enquanto navegamos por sistemas culturais, políticos e sociais que, muitas vezes, não favorecem nosso bem-estar.

Estamos entrelaçados, convivendo com outros, presos a estruturas que nem sempre facilitam a abundância e a saúde. Se compreendemos a saúde na perspectiva sistêmica, passamos a pensar sobre as relações e padrões adaptativos que mantemos e como eles nos apoiam a manter o equilíbrio na relação consigo, com o outro e com o mundo ao nosso redor.

Saúde é o equilíbrio dinâmico entre os aspectos físicos e psicológicos do indivíduo, na sua relação com seu ambiente social e seu ambiente natural. (Fritjof Capra)

No cenário onde me encontro agora, no Vigeland Park em Oslo, Noruega, essa reflexão ganha nova dimensão. O Vigeland Park, em seus mais de 300 mil metros quadrados, é um oásis em meio à turbulência do dia a dia, cuidadosamente ornamentado por esculturas que contam a história da humanidade.

Criado pelo escultor Gustav Vigeland, o parque é um dos maiores orgulhos da cidade e representa muito mais do que apenas um espaço verde. Cada uma das 192 peças esculpidas por Vigeland, com mais de 600 figuras, retrata a trajetória do ser humano, do nascimento à velhice e à morte, convidando à reflexão sobre as fases da vida e nossa interconexão .

Ao caminhar entre as esculturas, fui convidada a refletir: a história da humanidade parece se repetir.

Mas será que podemos viver de maneira diferente? Como podemos, juntos, criar uma organização de vida que traga mais bem-estar? A convivência não é opcional. A solidão hoje é uma das maiores questões de saúde pública no mundo. Além disso, a arte, por meio dessas obras, atravessa meu coração a cada imagem que visualizo, imagino uma história, uma biografia, uma experiência humana e meu coração acelera, fica maior, se abre para o tanto de vida que essas esculturas nos contam.

Estamos todos conectados, e nossa saúde individual e coletiva depende dessa inter-relação. Mas, como podemos viver juntos de uma maneira que realmente funcione? E funcione para todes. Essa questão ressoa profundamente ao observar cada obra, que provoca, toca e atravessa minhas reflexões sobre a condição humana.

Nosso desafio é encontrar formas de viver que não só nos preservem, mas que também nos enriqueçam. A fonte do parque, por exemplo, rodeada por árvores que simbolizam as fases da vida, é uma representação poderosa dos desafios e fardos que enfrentamos ao longo da nossa existência. Será possível organizar nossas vidas de maneira a promover o bem-estar de todos? Como minha vida, hoje, contribui para melhorar a minha experiência e a daqueles ao meu redor?

Chegando ao monólito, o ponto mais alto do parque, onde 121 figuras humanas entrelaçadas esculpidas num só bloco de pedra sugerem as mais variadas interpretações, desde a ressurreição do homem até a luta pela existência, a reflexão se aprofunda. Esta escultura, com seus corpos de todas as idades, nos lembra da repetição do ciclo da vida e da nossa constante busca por significado e conexão.

Essas provocações me levam a uma introspecção sobre como a organização da nossa vida cotidiana pode ser uma ferramenta poderosa para criar um ambiente de saúde e prosperidade. 

No final, a resposta para essas inquietações pode estar na maneira como escolhemos nos relacionar com o mundo e com as pessoas ao nosso redor. A qualidade de nossas interações diárias, o cuidado que oferecemos a nós mesmos e aos outros, e a forma como estruturamos nossas vidas têm um impacto profundo na saúde e no bem-estar coletivo.

Isso me leva a próxima parada dessa viagem, o encontro global de ecovilas. Pessoas do mundo todo se encontram durante 5 dias para aprender, trocar experiências e co-criar futuros possíveis, algumas delas já vivendo em ecovilas há décadas, será esse um caminho?

Que possamos, juntos, criar um novo caminho, uma nova organização de vida que priorize o bem-estar e a conexão genuína entre todos. Eu comigo, eu com o outro e eu com o mundo, um “des-equilíbrio” que nos impulsiona sempre para a caminhada, para o movimento e para a aprendizagem. 

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